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A Revolução da Comuna 13

Pego o metrô em Poblado em direção à estação San Javier. Durante o trajeto, o cenário muda drasticamente: os grandes shoppings, hotéis e restaurantes ficam para trás, dando lugar a uma comunidade praticamente vertical com suas construções em tijolo cru, amontoadas umas sobre as outras. Chego ao destino, o pé da Comuna 13.

Logo avisto os guias do Zippy Grafitti Tour, com seus chamativos guarda chuvas azuis no meio de um aglomerado de turistas. Nos separamos por idioma – inglês e espanhol – e começamos uma caminhada pela Calle 42, um exemplo de avenida Paisa – viva, cheio de comerciantes e empanadas –, até chegarmos a um pequeno gramado ao lado de um campo de futebol.

Nesse ponto, Laura, a nossa guia turística, começa a contar um pouco sobre a história de sua terra natal.

Durante os anos 90, a Comuna era um dos lugares com os menores índices de homicídio da cidade, mesmo sendo controlada por milícias. Com uma importante rota de saída da cidade, o lugar era considerado um ponto estratégico para o tráfico de drogas e armas dentro e fora de Medellín – e pra toda a Colômbia. Porém a situação mudou drasticamente, quando paramilitares e desertores de Pablo Escobar começaram uma invasão no complexo, gerando uma onda de violência nunca antes vista pelos moradores.

Para reverter a situação, em Outubro de 2002, o então presidente Álvaro Urube autorizou a Operação Orión, onde polícia, exército, helicópteros e até os paramilitares atacaram a Comuna para remover a milícia. Durante 5 dias, centenas de pessoas foram feridas. As mortes nunca foram contabilizadas oficialmente. O que parecia a solução dos problemas, foi praticamente um tiro no pé: com a saída das milícias, o grupo de paramilitares controlado por Don Berna tomou conta da Comuna. Os números de violência caíram drasticamente, mas durante seguintes diversas pessoas desapareceram ou foram forçadamente removidas de suas casas. Após a extradição de Berna em 2008, facções entraram em conflito para tomar o controle da Comuna, infelizmente elevando novamente a violência na região.

Depois da história continuamos a caminhada subindo o morro, para uma das comunidades mais artísticas e inovadoras do mundo.

O Graffiti Tour realmente faz jus ao seu nome. Logo no começo, as paredes exibem o resultado da luta Paisa contra a violência. Artistas nacionais e internacionais se mobilizaram em diversas ocasiões para registrar o que o povo da Comuna 13 anseia: paz, felicidade e prosperidade. Um dos projetos, MasHéroes, estampa as paredes com as pessoas que trabalham ativamente em prol da comunidade, servindo de exemplo para quem vive lá.

Comuna 13 Graffiti

Comuna 13 Graffiti

Comuna 13 Graffiti

Mais alguns metros acima e meu queixo caiu. Fiquei feliz de não ter lido muito sobre o lugar antes, pois a surpresa foi incrível. UMA ESCADA ROLANTE. Uma não, várias. A caminhada que antes demorava trinta e cinco minutos até o topo do morro agora dura seis, através de 384 metros de uma escada rolante com uma chamativa cobertura alaranjada. O projeto trouxe mobilidade e uma maior integração dos moradores com o resto da cidade. É simplesmente incrível.

Outro ponto importante da mobilidade é o teleférico que liga a estacão San Javier a outras partes da comunidade. Nossa guia disse que, desde sua implementação em 2008, a taxa de criminalidade dessas áreas reduziu drásticamente.

Além disso, diversos projetos sociais cresceram dentro e aos redores da comunidade. Hoje a população tem maior acesso à bibliotecas, aulas de informática, de línguas, de yoga e esportes. Projetos que tornam os moradores cada vez mais próximos.

As pessoas por quais passei não temem ou desaprovam os turistas, mas compreendem que a nossa presença é importante para levarmos a mensagem de que o estereótipo Colombiano está totalmente errado. Colômbia não deve ser vista como sinônimo de violência ou cocaína, mas sim como um país que constantemente luta pelo sorriso no rosto do seu povo.

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